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Animais de estimação e crianças

Atenção cães que vêm aí os filhos…

Toda a minha infância vivi rodeada de animais. Desde galinhas, patos, coelhos, até aos cães e gatos que não me cansava de salvar da rua. Animais de estimação que me marcaram. Que tantas vezes me fizeram companhia e foram parceiros de brincadeiras.

Quando saí de casa dos meus pais, o meu golden acompanhou-me na mudança e logo a seguir juntou-se à família uma gata que eu e a minha irmã salvamos depois de ter sido atropelada. Em 2015, no primeiro ano que eu e o meu marido fomos morar juntos, ainda acrescentamos uma serra da estrela à linhagem.

Quando nasceu o nosso primeiro filho não deixamos de sentir algum receio quanto à reação dos animais face ao novo membro da família. Mas, apesar de na altura terem sido noticiados alguns casos de acidentes com cães, tenho que admitir que, verdadeiramente, nunca receei pela segurança dos meus filhos.

Sempre que chegou um novo membro (e já lá vão 4) tudo foi feito com muita naturalidade. Nunca impedi os meus animais de se aproximarem dos meus filhos, de os cheirarem, de os lamberem. O objetivo sempre foi que sentissem que era apenas a família a crescer.

Os meus animais são uma presença constante na nossa vida, estão sempre na mesma divisão que nós e só querem mimos. Contudo, apesar de os adorarem, os meus filhos hoje ainda são demasiado pequeninos para lhes dedicarem muita atenção. Neste momento, a maioria das conversas que têm com eles são do género: Sai que me estás a destruir a pista! Não, este pão é meu!

Infelizmente, além do espaço que passaram a ter de partilhar, o nascimento dos meus filhos implicou muitas outras mudanças na vida dos meus cães. Continuamos a amar os nossos animais, mas, infelizmente, não consigo dedicar-lhes o mesmo tempo.

Quando chego a casa, nem sempre são os primeiros a quem eu cumprimento e abraço.

Quando vamos fazer caminhadas, entre um carrinho de bebé, um sling, uma trotinete e uma bicicleta, nem sempre sobram mãos para duas trelas.

Quando vamos de viagem, com malas para 6 pessoas, pouco espaço sobra no carro para os levarmos em segurança.

Os tapetes, que sempre foram dos seus sítios preferidos para dormir, por causa do pêlo, passam a estar interditos quando um dos meus filhos começa a gatinhar.

Admito que não pensei nem previ todas estas mudanças. Muitas vezes só me apetece pedir-lhes desculpa. Muitas vezes penso que fui egoísta ao decidir tê-los, nesta fase da minha vida.

Porque, apesar de todo o espaço e tempo que lhes foi roubado, os meus cães estão sempre prontos para dar amor, brincar ou simplesmente fazer-nos companhia sem pedir nada em troca. Continuam a ser fiéis e leais companheiros de vida e por isso mereciam mais de mim. Nunca foram uma ameaça. Aceitaram os meus filhos como parte da família, amam-nos e protegem-nos. E esse tipo de relação, não tem preço…

Eu sei que para muitas pessoas é inconcebível que os animais sejam considerados membros da família, enquanto, para outras pessoas, é inadmissível que a minha relação com os meus cães tenha sido afetada só porque os meus filhos nasceram.

Que fique claro que, para mim, todos os meus animais são verdadeiros membros da minha família, mas todos os dias eu tento ser a melhor mãe, a melhor esposa, a melhor filha, a melhor irmã, a melhor amiga, a melhor profissional e também a melhor dona possível.

Só que o meu dia só tem 24 horas e também preciso de ser a melhor versão de mim para poder dar o meu melhor em todos os outros papeis que tenho de desempenhar todos os dias.

Por isso, independentemente do que mudou nestes últimos 5 anos, o que posso garantir é que todos os meus animais têm também o meu amor incondicional. Prometo amá-los e cuidar deles todos os dias que fizerem parte da nossa vida.

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